Como diminuir o preconceito?
Fazemos comparações o tempo todo. Recebemos estímulos através dos nossos órgãos dos sentidos e para compreendê-los comparamos essas informações com tudo o que já sabemos. Ao comparar, inevitavelmente, fazemos julgamentos.
Suas opiniões e a sua maneira de ver o mundo são o resultado de seus aprendizados, do conjunto de oportunidades e experiências de prazer e dor que passou e do significado que deu a elas. Portanto este sistema de avaliação é sempre relativo, influenciados pelas próprias referências.
Ninguém pensa, sente e decide exatamente igual a você. Diante de uma mesma situação, outras pessoas terão crenças e percepções diferentes, farão outras comparações que resultarão em julgamentos diversos dos seus. O que é bom para uma pessoa pode ser mau para outra.
1) A diversidade no mundo
Se por um lado temos nossas próprias crenças e nosso próprio sistema de avaliação, por outro lado, o mundo fica cada vez mais conectado e temos que conviver com pessoas diferentes de nós. Pessoas com culturas, idiomas, opiniões e ideologias diferentes mas principalmente com as mais diversas experiências de vida.
Assim como ninguém tem a mesma digital, tudo na natureza tem a sua característica única. Desde estrelas, planetas, minerais, plantas, insetos, animais e pessoas, são incontáveis as diferentes formas, cada uma sendo exclusiva. O que o universo mais se empenha em criar é a diversidade. Ao entender isso é possível fazer as pazes e aceitar tudo o que é diferente.
Nunca amar ao próximo foi tão vital quanto agora em que aquele que está próximo é tão estranho. A sobrevivência, o progresso e o avanço da humanidade dependem da habilidade de agregar e entrosar todos os pontos de vista. Mesmo que não concorde com o que os outros pensam, quando se dispõe a compreender outras referências você amplia o seu entendimento e melhora o seu sistema de julgamento e escolhas.
Não se trata mais de “nós e eles”, mas sim, de “nós todos” em um só planeta. O mundo não é o lugar de uma única verdade. Não é mais o caso de competir, a ocasião é de colaborar, quebrar barreiras e preconceitos. O diferente não é mais uma ameaça, é aquele que soma esforços.
E para libertar-se de verdades prontas, do gosto e não gosto, do aprovo e não aprovo, algumas perguntas podem ajudar:
- O quanto seus pensamentos o afastam das pessoas?
- O quanto considera sua verdade absoluta?
- O quanto suas crenças são contrárias a diversidade?
- O quanto respeita a maneira dos outros pensarem sem querer impor sua verdade?
- O quanto deixa os desentendimentos do passado para trás e busca uma nova forma de conviver?
Reconhecer suas ideias preconceituosas e desejar mudá-las para pensar de forma mais amorosa e inclusiva é uma atitude que contribui para a paz e para uma sociedade mais justa em um mundo tão diverso e em constante transformação.
2) De onde vem o preconceito?
Ele vem de ideias pré-concebidas sobre o que é feio ou bonito, certo ou errado, bom ou ruim, o que pode e o que não pode. Ele existe em relação a características físicas das pessoas, maneiras de se vestir e de se expressar, a origens e culturas, religiões e verdades, comportamentos, ao que as pessoas fazem ou deixam de fazer e como fazem, entre outras coisas.
E o preconceito não estava lá quando você nasceu. Pode ser que não seja fácil identificar a origem dessas ideias discriminatórias, por elas terem vindo de forma subliminar. Conceitos atrasados embutidos na sociedade, passados de geração em geração e que as pessoas absorvem sem reflexão, sem entender porque pensam assim.
E você também pode ter aprendido ideias preconceituosas a partir de suas próprias experiências de vida, que podem ter gerado dor ou desconforto, que podem ter feito você se sentir agredido ou desrespeitado. Uma experiência ruim que você julgou e generalizou para todas as pessoas com características iguais, mas seu julgamento deveria ser válido apenas para um indivíduo e só daquela vez.
Imagine uma pessoa que entra em uma loja e é super mal atendida por um vendedor. Sai da loja achando que todos os vendedores desse tipo de produto em todas as lojas sempre atendem mal. Isso é uma generalização errada.
Nossa mente adora generalizar, o que muitas vezes facilita o entendimento das coisas. Pessoas de uma certa região gostam de uma determinada comida. Quem se veste assim, pensa desse jeito. Naquele país as pessoas se comportam dessa forma.
Por mais que possa ser verdade, nem sempre é assim, então é necessário tomar cuidado para não cometer nenhuma falha de julgamento.
Outra possível origem para uma ideia preconceituosa é você ter sido inocentemente influenciado por pessoas importantes da sua vida como família, pais, professores, amigos, que te ensinaram sobre o que achavam feio, errado ou mau. Que tal questionar: – É isso o que você realmente acredita e quer acreditar?
Perceba que ao rejeitar uma ideia, você não está negando tudo o que aquela pessoa te ensinou. Pode apenas mudar essa ideia específica e continuar gostando dessa pessoa e de todas as outras coisas maravilhosas que aprendeu com ela.
Pode ser também que você interpretou que pessoas com certa característica te ameaçam, vão competir com você e você pode sair perdendo. Despertando o medo da escassez e a necessidade de se defender para sobreviver.
Questione se isso é mesmo uma ameaça. Em caso afirmativo procure afastar-se. Mas se não for pense: – Será que é um desafio para você se tornar alguém melhor e mais capaz? Você quer diminuir o outro através do preconceito ou prefere focar em si mesmo para se superar?
Imagine uma pessoa que convive diariamente com você e que faz parte do seu grupo de amigos, da família ou do trabalho e devido a alguma característica dela, você tem preconceito. Mas, você já sofreu discriminação e sabe que isso não é legal, então, como fazer para mudar sua forma de pensar?
Comece tomando consciência das ideias preconcebidas, por exemplo:
– Eu tenho preconceito de tal pessoa por causa da seguinte característica dela que eu julgo como sendo feia.
– Eu tenho preconceito dessa pessoa por causa da cor dos seus olhos, com essa cor de olhos ela não pode frequentar esse ambiente.
– Eu tenho preconceito em relação a essa pessoa porque eu acho errado a forma como ela sente e demonstra afeto.
– Eu tenho preconceito em relação a essa pessoa porque eu acho que pessoas que vem dessa região e que tem essa cultura são pessoas ruins.
Uma vez formulada a crença sobre preconceito reflita sobre qual pode ter sido a sua origem e então formule o novo pensamento, que é o oposto do anterior:
– Eu posso aceitar essa pessoa com sua característica, não me sinto diminuído, nem agredido, nem desafiado, não tenho que me defender, nem discriminar.
– Ela é ela e eu sou eu. Não preciso fazer igual nem mudar nada em mim.
Ideias preconceituosas reduzem o indivíduo a uma única característica. Mas essa pessoa, como todo mundo, tem muitas outras qualidades. Aproxime-se dela, saiba mais sobre sua vida, a maneira como se sente e o que pensa. Da mesma forma que você, esta pessoa está empenhada em se manter bem, em se superar a cada dia procurando fazer o seu melhor. Descubra quem ela é de verdade. Encontre motivos para admirá-la e respeitá-la. Assim você não a vê de uma única forma mas aprende com ela outras perspectivas de vida e compartilhar novos pontos de vista.
Nosso mundo é desafiado constantemente por problemas gigantescos, sistêmicos, que de forma perceptível ou não afetam a realidade de todos. No século em que estamos não dá mais para ficar de mal de alguém só porque a pessoa é diferente em alguma coisa. Quando damos a oportunidade aos outros de serem quem são, também temos a possibilidade de sermos plenamente quem somos.